No início da pandemia, algumas sociedades como a Europeia (ESPEN), Americana (ASPEN) e Brasileira (BRASPEN), se posicionaram quanto a sugestão da indicação de suplementos alimentares. Visto que, a desnutrição tem consequências clínicas, familiares e econômicas consideráveis. A indicação de suplementos nutricionais reduzem mortalidade, bem como melhoram o estado funcional e a qualidade de vida das pessoas, através do alcance de suas necessidades nutricionais plenas.
A indicação do início da suplementação é iniciada quando, através da via oral o paciente não atinge 60% das suas necessidades nutricionais diárias. Fora isso, ficou sugerido que os suplementos deveriam ser consumidos por trinta dias, fornecendo 400kcal e 30g de proteína/ dia para aqueles contaminados pelo vírus, com risco nutricional diagnosticado através da NRS 2002, por exemplo.
Hoje, baseado em artigos disponíveis que mencionaram cuidados de suporte em COVID-19 recomendam que o estado nutricional seja avaliado em todos os pacientes infectados na admissão hospitalar e todos os em pacientes em risco nutricional devem receber apoio nutricional o mais cedo possível, particularmente aumentando a ingestão de proteínas por suplementos orais. Além disso, sugere-se que, mesmo os pacientes com COVID-19 que não tenham risco nutricional prévio devam manter ingestão adequada de proteínas (1,5 g /Kg/d) e calorias (25-30 kcal/Kg/d) e que várias vitaminas e nutrientes podem ter o potencial de beneficiar pacientes infectados devido à sua ação anti-inflamatória e propriedades antioxidantes.
Caccialanza e cols elaboraram e publicaram um protocolo de suplementação nutricional precoce que sugere que os pacientes com COVID-19, sem risco nutricional, iniciem suplementação imediata de 20g/dia de proteína do soro do leite, solução multivitamínica, multimineral e de oligoelementos dentro dos valores diários da recomendação (RDA) e de colecalciferol de 50.000 ou 25.000UI, de acordo com seu nível atual de 25-hidroxivitamina D.
Se, o paciente apresentar risco nutricional, através da triagem simplificada, adotada pelo protocolo, onde envolve apenas três perguntas, como IMC < 22kg/m², perda de peso recente e redução da ingesta alimentar, e ele positivar alguma dessas perguntas, já se enquadra como um paciente em risco nutricional. O que implicará em uso imediato de 2 a 3 frascos de suplementos por dia, que forneçam de 600 a 900kcal e 35 a 55g de proteína/dia.
É importante ressaltar que toda equipe pode auxiliar na monitorização da ingesta dos alimentos e suplementos para que o paciente tenha um bom desfecho clínico, pois a não aceitação, implica em mudança de método para ajustes nutricionais por via enteral ou até parenteral.
REFERÊNCIAS
1. Caccialanza R, Laviano A, Lobascio F, Montagna E, Bruno R, Ludovisi S, Corsico AG et al. Early nutritional supplementation in non-critically ill patients hospitalized for the 2019 novel.
2. Campos LF, et al. Parecer BRASPEN/AMIB para o Enfrentamento do COVID-19 em Pacientes
Hospitalizados. BRASPEN J. 2020;35(1):3-5.
3. Zhang L, Liu Y. Potential interventions for novel coronavirus in China: a systematic review. J Med Virol 2020;92:479–90 H.